quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ousadia

Ousadia

A moça ia no ônibus muito contente da vida, mas, ao saltar, a contrariedade se anunciou:
_ Sua passagem já está paga _ disse o motorista.
_ Paga por quem?
_ Esse cavalheiro aí.
E apontou um mulato bem vestido que acabara de deixar o ônibus, e aguardava com um sorriso junto à calçada.
_ É algum engano, não conheço esse homem. Faça o favor de receber.
_ Mas já está paga...
_ Faça o favor de receber! _ insistiu ela, estendendo o dinheiro e falando bem alto para que o homem ouvisse: _ Já disse que não conheço! Sujeito atrevido, ainda fica ali me esperando, o senhor não está vendo? Vamos, faço questão que o senhor receba a minha passagem.
O motorista ergueu os ombros e acabou recebendo: melhor para ele, ganhava duas vezes.
A moça saiu do ônibus e passou fuzilando de indignação pelo homem.
Foi seguindo pela rua sem olhar para ele.
Se olhasse, veria que ele a seguia, meio ressabiado, a alguns passos.
Ela andou alguns metros e o homem continuava seguindo-a. Ela estava muito assustada, já acreditava que era um ladrão e logo anunciaria o assalto. Entrou em pânico e partiu em direção a uma loja de roupas. Foi para trás de uma prateleira de roupas, tentando se esconder, mas o homem também entrou na loja e, de longe, ficou olhando para ela. Quando ele foi se aproximando, ela, sem saída, perguntou:
_ Cansei! Fala logo: o que você quer comigo? Por acaso não é um seqüestrador ou ladrão? _ disse respirando bem fundo.
Ele riu e respondeu:
_ Não se lembra de mim?
E a moça assustada respondeu que não.
Ele tirou uma fotografia do bolso e indagou:
_ E agora, se lembra?
A moça abriu um sorriso cheio de ternura e respondeu:
_ Meu irmão?! _ disse enquanto lhe dava um grande e longo abraço.
E como já estavam numa loja de roupas... Foram às compras!

André Hufnagel e Heitor Alvim – 7º Ano

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