sábado, 4 de setembro de 2010

Setembro

Em brilho superou-se
a estrela da manhã
e em ouro prenunciou-se
um céu de brigadeiro...

É outra vez setembro!
Entanto, o chão se cresta
e, no que é dado ver,
o verde anda vaqueiro.
Só em prisca lembrança
um milharal viceja
e a mão de uma criança,
reclusa pela chuva,
se espalma com delícia
onde o beiral goteja.

Faz tempo, é outra história...
Solstícios se encabulam
e o ciclo de estações
se quebra, se adultera.
Vem depois deste inferno
a nova Primavera?

Ao fumo que se evola
de uma coivara a mais,
setembro se asfixia.
Perpassa-lhe o passar
o gosto aborrecido
de festa que se adia.
E uma cigarra em solo,
ao término do dia,
infunde ao arrebol
mortal melancolia.

Oscar Batista Guerra

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